(SONS)

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Pela rua do céu branco

 
Voa um pássaro neste céu branco de chuva,
é um urubu mas não importa, é bonito.
Plana como de braços abertos sobre esse lixão que somos nós,
plana em silêncio nos confins do céu.
        Não se sabe para onde vai,
se voa a esmo, ou tem uma rota em seu pequeno cérebro.
Como um mendigo que caminha roto pela Washington Luiz
todos os dias, para onde ele vai eu não sei.

Para onde voo me sinto como esse pássaro
de penugem escura: me confundo no lixo.
Camuflo o meu alter ego ignorante inflamado de sabedoria
e caminho passo a passo cambaleante de sono quase morte.
        E caminhando, papel na mão, atravesso o sinal,
acaba o poema sem nenhum por que. No mais o pensamento
pôde escorrer pelo azul da tinta e alimentar a industria
brasileira de canetas estereográficas.

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