Andava pelas ruas vazias
com passos de escadarias post mortem.
Eu era Lázaro às três da tarde
na direção da Primavera.
Línguas enroladas gritavam nos ouvidos,
fogos se assustavam colorindo o céu azul;
olhos fotografavam calçadas,
sopravam as folhas,
coloriam o preto e branco do que se eterniza
e eternizavam o final de um beijo agora imortal.
Minha sombra se digitava na calçada,
guindastes levantavam pedras de passado
que balançavam
ao sopro dos sonhos de portos.
Vinham ventos trazendo a distância que só a felicidade dá,
vinha a felicidade que só o momento tira,
e eu ia pelas ruas vazias
trilhando o caminho dos que não querem chegar
nem ganhar porra nenhuma.
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